Em todas as formas de expressão artística, seja no teatro, música e mesmo na escrita, possuir apenas a técnica e o conhecimento não são garantias que sua obra fará sucesso ou mesmo seja aceita pelos apreciadores de determinados nichos. Embora eles sejam importantes, não são nada perante um ingrediente: a paixão, que quando colocada nos trabalhos tem o dom de cativar as pessoas mais duras e insensíveis. Como é o caso do livro Como Ser Um Bom Marido, da escritora Elaine Thrash. Com uma linguagem simples e direta e ao mesmo tempo apaixonada, ela, por meio de sua obra, faz o leitor ler a publicação numa toada só, e com vontade de ler novamente.
Nesta entrevista, a autora nos fala da inspiração para a obra, a viabilização do projeto por meio do financiamento coletivo e da particularidade de alguns capítulos do livro.
Por João Messias Jr.
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Como Ser Um Bom Marido Divulgação |
NOVAS FORMAS DE
CULTURA: No mês de dezembro você lançou seu segundo livro, chamado Como Ser Um
Bom Marido, do qual conversaremos um pouco sobre seus detalhes no decorrer
desta entrevista. Passados três meses do lançamento oficial da obra, como acha
que está á divulgação e repercussão?
Elaine Thrash:
Como sou artista e escritora independente, estou trabalhando praticamente
sozinha na divulgação deste segundo livro, assim como fiz com meu primeiro. É
claro que alguns parentes, veículos e amigos ajudam, seja adquirindo o livro,
seja divulgando para os amigos. Acredito que a repercussão está sendo muito boa
assim na base do boca-a-boca, mas espero que melhore bastante nos próximos três
meses!
NVDC: Dentre as
resenhas de imprensa ou até mesmo os comentários de amigos, houve algo que te
chamou a atenção?
Elaine:
A maioria das pessoas que adquiriu o livro disse que ele está maravilhoso,
divertido e gostoso de ler. (Eles que dizem!!!) Tem gente que devora o livro no
mesmo dia! E tem muita gente que pergunta: “Quando sai o próximo?” Isso me
deixa bem feliz, afinal eu não esperava que meu livro fosse agradar tanto
assim!
NFDC: Interessante que
todo o processo, desde a escolha do tema até a forma de confecção do mesmo,
digamos foge do convencional. Vamos começar falando do nome. Conte-nos de onde
surgiu a inspiração de escrever sobre esse tema?
Elaine:
Quem me conhece pessoalmente sabe que eu não sou casada, mas peguei como base
meu próprio relacionamento (inevitavelmente comparando aos anteriores) para
escrever alguns textos divertidos sobre como um Bom Marido deve ser. A ideia
era fazer uma homenagem ao meu noivo, então namorado, e resolvi começar de
mansinho com um blog até amadurecer a ideia de transformá-lo em um livro.
NFDC: No decorrer da
obra, você tem como personagem, seu hoje noivo, Thierry Durieux. Como foi
conversar e convencê-lo de ter parte de sua história relatada em um livro?
Resp.:
Como eu já escrevia no blog (www.comoserumbommarido.wordpress.com)
e postava fotos e receitas do Thierry, não foi um choque na vida dele saber que
seria personagem de um livro. Ele é extremamente tímido, mas se sentiu
lisongeado com essa demonstração de amor e carinho. Claro que sempre respeitei
a opinião dele com relação a fotos e assuntos que eu postava lá no blog, mas
ele nunca achou ruim essa exposição toda, tanto é que a arte de capa foi ele
quem fez, em 3D. Muita gente pensa que trata-se da foto de um sapo, mas na
verdade é obra do Thierry Durieux!
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Elaine Thrash Divulgação |
NFDC: Alguns capítulos
mostram situações muito interessantes, na verdade etapas de quem inicia um
relacionamento, desde o início, que é aquela sensação de querer ficar junto,
até a distância com os trabalhos de um e outro. Para compor esses capítulos,
você tirou tudo de sua experiência ou buscou inspiração em relatos vistos em
filmes ou mesmo confidências de amigos?
Elaine:
Um ator, pintor, poeta ou escritor é um ser que observa o mundo com mais
atenção às cores e aos detalhes. Ele não só observa como aproveita essas
referências para criar suas obras. Eu costumo observar muitas pessoas, sejam
elas parentes, amigos, pessoas no trabalho ou até mesmo desconhecidos no ponto
de ônibus. Tudo vira arte e inspiração, ainda que se tratem de experiências que
eu mesma tenha vivido.
NFDC: Como não poderia
deixar de ter, o livro possui capítulos relacionados à TPM. Um tema de certa
forma complexo, pois cada mulher reage de uma forma, em maioria ficam mais
sensíveis e pouco tolerantes. Gostei muito da forma que abordou o tema, pois
com humor você soube explicar esse momento que as mulheres passam, mostrando
que apesar disso, os homens devem ser mais tolerantes nesse período. Foi
difícil escrever essas partes da obra?
Elaine:
Muito obrigada! Que bom que gostou. Inclusive estes são alguns dos capítulos
que as pessoas mais gostam no livro, além das ilustrações geniais feitas pelo
incrível Marcio Baraldi! O tema é interessante e eu nunca encarei a TPM como
algo trágico em minha vida. Sempre levei no bom humor. E foi molezinha escrever
sobre o assunto, afinal eu também passo por isso! Quem se sai muito bem nessas
épocas é o Bom Marido, um cara extremamente tranquilo e compreensivo.
NFDC: Como Ser Um Bom
Marido faz uma homenagem ao cantor Wando. Considerado um dos reis do brega
nacional, o cantor, que nos deixou em 2012 possui músicas que atravessaram
gerações. Como pintou fazer esse tributo ao artista?
Elaine:
Na verdade eu nunca fui fã e nem conhecia todas as músicas do Wando, mas quando
vi no noticiário que ele havia falecido, fiz questão de procurar algumas
músicas dele e, quando vi, os títulos das canções poderiam conversar entre si,
formando um texto bem curioso! Assim surgiu a homenagem que postei no blog no
dia em que ele faleceu e, na hora de escolher os textos que entrariam no livro,
inseri este também!
NFDC: O que chama
atenção também é a linguagem. Devido a um texto simples, direto e gostoso de
ler, faz com que o leitor aprecie o livro numa toada só, até repetindo algumas
vezes. Porque utilizar essa forma de escrita?
Elaine:
Nossa! Então você também achou isso? Que bom!!! Na verdade esse tipo de escrita
fluida é a característica dos meus blogs. É algo natural! Eu não paro muito
para pensar em como vou escrever. Eu escrevo, leio, releio, reescrevo e vou
criando até encontrar uma musicalidade que fique bacana. O bom é que os
leitores gostam!
NFDC: Como disse linhas
acima, a forma de produção e confecção foram diferentes do habitual. Você
utilizou o financiamento coletivo e conseguiu o valor para lança-lo. Qual a
sensação de ter o projeto aprovado e ver que o livro ganharia as praças? Houve
momentos que pensou que não conseguiria?
Elaine:
Foi uma emoção indescritível. Eu estava pelo sim e pelo não. Se não desse certo
pelo financiamento coletivo, eu teria que recorrer ao “Daddy Bank” para bancar
o livro e só depois, com o dinheiro das vendas, eu reembolsaria o papi. Mas
como graças a Deus e aos apoiadores deu tudo certo, não precisarei vender uma
tonelada de livros para reembolsar meu pai! Estou muito feliz e radiante! Claro
que cheguei a pensar que não conseguiria, afinal tem muita gente que curte TUDO
o que você posta nas redes sociais, mas na hora de botar a mão no bolso para
ver um projeto REAL, que não seja uma postagem qualquer no Facebook, essas
pessoas se fingem de mortas e não colaboram! Piores são aqueles que vivem
pedindo tudo para você (cliques, votos, presença nos shows, compra de
camisetas, CDs, curtidas, compartilhadas e o escambau) e quando você precisa...
cri cri cri... Claro que não vou obrigar todos os meus “amigos” a comprarem
meus livros, afinal não é todo mundo que tem o hábito de ler. Para umas
pessoas, R$ 30,00 faz muita diferença no orçamento. Essas eu entendo. O que eu
não entendo são as pessoas choramingando que estão sem dinheiro para comprarem o
livro, mas depois postam fotos ostentando viagens, jantares caros, roupas de
marca, Iphones novos, bebidas importadas, entre outras coisas! Não precisava
choramingar, era só dizer: “Não, obrigado. Não estou interessado”. É mais
decente ser sincero (risos)!
NFDC: Ainda falando em
financiamento coletivo, ele pode ser considerado uma luz no no fim do túnel
para o produtor cultural independente? Visto que o artista, seja um músico ou
escritor basta que saibam articular o projeto para que obtenha êxito para poder
ter seu CD ou espetáculo sem depender de fundos culturais ou algo do tipo?
Elaine.:
Apesar do desabafo anterior, rs, eu acredito muito no financiamento coletivo. É
muito bom você colocar um projeto no ar e ver que tem uma galera bacana que faz
de tudo para vê-lo concluído. Teve gente que apoiou porque se tratava do MEU
projeto. Nem quiseram recompensa. Mas eu fiz questão de citar essas pessoas no
livro e nos blogs, além de autografar exemplares para elas. Mas a tecnologia
ainda é um problema quando o assunto é “pagamento”... Por exemplo, teve gente
que não conseguiu apoiar com cartão, mas não desistiu e recorreu ao boleto. Mas
outros perderam a paciência e não finalizaram o apoio. E outros juram de pés
juntos que apoiaram, mas o nome não aparece lá, muito menos o valor, então quer
dizer que a pessoa não finalizou direito o apoio ou simplesmente esqueceu de
pagar o boleto! rs! Acontece! Mas mesmo com os probleminhas de sistema, acho
muito mais fácil um artista independente conseguir realizar um projeto bem
sucedido através de crowdfunding, ao invés de encarar as burocracias das Leis
de Incentivo.
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Elaine Thrash Divulgação |
NFDC: Para encerrar,
além de escritora, você atua como atriz e vocalista de heavy metal. O que pode
adiantar sobre esses projetos?
Elaine:
Atualmente estou em diversos projetos e espetáculos infantis. A maioria das
apresentações é realizada dentro de escolas, empresas e eventos. Raramente
esses espetáculos ficam em cartaz através de bilheteria (que é um lance tão
complicado quando gerar interesse no público pela compra de livros!). Trabalhar
com cachê fixo acaba sendo mais vantajoso, nesses casos! Mas em breve voltarei
a atuar em um espetáculo adulto aberto ao público, porém não tenho as datas
confirmadas. Enquanto isso, estou buscando projetos cinematográficos para atuar
também. Já aceitei um convite para atuar na segunda parte do longa Steve Cicco,
da V. Produções (galera de Jacareí) e só estou aguardando o cronograma com as
datas das gravações. Com relação ao meu projeto solo musical, o produtor
musical Thiago Larenttes (AndragoniA) está finalizando as nove músicas que
gravamos. Não se trata de nenhum trabalho primordial em minha vida, afinal é só
a concretização de um sonho: ver minhas canções lançadas. No momento a
prioridade em minha vida, sem dúvida, é o teatro e a venda dos livros. Ah, e para
quem pergunta sobre a banda Insane Kreation, só posso dizer que ela ainda
existe!
NFDC: Muito obrigado
pela entrevista. Deixe uma mensagem aos leitores desta publicação.
Elaine:
Eu é que agradeço o espaço e o apoio de sempre! São de mais profissionais
determinados, dedicados e inteligentes assim como você que o jornalismo
precisa! O mundo anda muito descartável, fútil e repleto de informações vazias
ou na base do CTRL+C + CTRL+V... É raro ver gente assim que se preocupa e se
envolve com a notícia ou com o entrevistado! Parabéns pelo seu trabalho.
E
aos leitores que por aqui passam eu deixo um forte abraço e um convite para
conhecerem um pouco mais sobre o meu trabalho através dos links:
www.elaineoliveirarte.wordpress.com
(espaço onde posto notícias sobre minha carreira artística, lugares pelos quais
passo, coisas bacanas que presencio e algumas matérias que me arrisco a fazer!)
www.comoserumbommarido.wordpress.com
(blog que deu origem ao livro “Como ser um Bom Marido” com atualizações
periódicas sobre relacionamentos, dicas e receitas especiais que o Bom Marido e
eu testamos!)
www.ciavipcultural.wordpress.com
(blog da companhia teatral na qual eu atuo e para a qual eu realizo um trabalho
de assessoria de imprensa com fotos e notícias dos eventos e das apresentações
realizadas pela CIAVIP Cultural)
Entre
outros...
Mais
uma vez, obrigada pelo carinho e vamos continuar incentivando a leitura e a
cultura em nosso país!
Um
grande abraço,
Elaine
“Thrash” Oliveira.
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