segunda-feira, 31 de março de 2014

ELAINE THRASH: "UM ATOR, PINTOR, POETA OU ESCRITOR É UM SER QUE OBSERVA O MUNDO COM MAIS ATENÇÃO ÀS CORES E AOS DETALHES"

Em todas as formas de expressão artística, seja no teatro, música e mesmo na escrita, possuir apenas a técnica e o conhecimento não são garantias que sua obra fará sucesso ou mesmo seja aceita pelos apreciadores de determinados nichos. Embora eles sejam importantes, não são nada perante um ingrediente: a paixão, que quando colocada nos trabalhos tem o dom de cativar as pessoas mais duras e insensíveis. Como é o caso do livro Como Ser Um Bom Marido, da escritora Elaine Thrash. Com uma linguagem simples e direta e ao mesmo tempo apaixonada, ela, por meio de sua obra, faz o leitor ler a publicação numa toada só, e com vontade de ler novamente.

Nesta entrevista, a autora nos fala da inspiração para a obra, a viabilização do projeto por meio do financiamento coletivo e da particularidade de alguns capítulos do livro.

Por João Messias Jr.

Como Ser Um Bom Marido
Divulgação
NOVAS FORMAS DE CULTURA: No mês de dezembro você lançou seu segundo livro, chamado Como Ser Um Bom Marido, do qual conversaremos um pouco sobre seus detalhes no decorrer desta entrevista. Passados três meses do lançamento oficial da obra, como acha que está á divulgação e repercussão?
Elaine Thrash: Como sou artista e escritora independente, estou trabalhando praticamente sozinha na divulgação deste segundo livro, assim como fiz com meu primeiro. É claro que alguns parentes, veículos e amigos ajudam, seja adquirindo o livro, seja divulgando para os amigos. Acredito que a repercussão está sendo muito boa assim na base do boca-a-boca, mas espero que melhore bastante nos próximos três meses!

NVDC: Dentre as resenhas de imprensa ou até mesmo os comentários de amigos, houve algo que te chamou a atenção?
Elaine: A maioria das pessoas que adquiriu o livro disse que ele está maravilhoso, divertido e gostoso de ler. (Eles que dizem!!!) Tem gente que devora o livro no mesmo dia! E tem muita gente que pergunta: “Quando sai o próximo?” Isso me deixa bem feliz, afinal eu não esperava que meu livro fosse agradar tanto assim!

NFDC: Interessante que todo o processo, desde a escolha do tema até a forma de confecção do mesmo, digamos foge do convencional. Vamos começar falando do nome. Conte-nos de onde surgiu a inspiração de escrever sobre esse tema?
Elaine: Quem me conhece pessoalmente sabe que eu não sou casada, mas peguei como base meu próprio relacionamento (inevitavelmente comparando aos anteriores) para escrever alguns textos divertidos sobre como um Bom Marido deve ser. A ideia era fazer uma homenagem ao meu noivo, então namorado, e resolvi começar de mansinho com um blog até amadurecer a ideia de transformá-lo em um livro.

NFDC: No decorrer da obra, você tem como personagem, seu hoje noivo, Thierry Durieux. Como foi conversar e convencê-lo de ter parte de sua história relatada em um livro?
Resp.: Como eu já escrevia no blog (www.comoserumbommarido.wordpress.com) e postava fotos e receitas do Thierry, não foi um choque na vida dele saber que seria personagem de um livro. Ele é extremamente tímido, mas se sentiu lisongeado com essa demonstração de amor e carinho. Claro que sempre respeitei a opinião dele com relação a fotos e assuntos que eu postava lá no blog, mas ele nunca achou ruim essa exposição toda, tanto é que a arte de capa foi ele quem fez, em 3D. Muita gente pensa que trata-se da foto de um sapo, mas na verdade é obra do Thierry Durieux!

Elaine Thrash
Divulgação
NFDC: Alguns capítulos mostram situações muito interessantes, na verdade etapas de quem inicia um relacionamento, desde o início, que é aquela sensação de querer ficar junto, até a distância com os trabalhos de um e outro. Para compor esses capítulos, você tirou tudo de sua experiência ou buscou inspiração em relatos vistos em filmes ou mesmo confidências de amigos?
Elaine: Um ator, pintor, poeta ou escritor é um ser que observa o mundo com mais atenção às cores e aos detalhes. Ele não só observa como aproveita essas referências para criar suas obras. Eu costumo observar muitas pessoas, sejam elas parentes, amigos, pessoas no trabalho ou até mesmo desconhecidos no ponto de ônibus. Tudo vira arte e inspiração, ainda que se tratem de experiências que eu mesma tenha vivido.

NFDC: Como não poderia deixar de ter, o livro possui capítulos relacionados à TPM. Um tema de certa forma complexo, pois cada mulher reage de uma forma, em maioria ficam mais sensíveis e pouco tolerantes. Gostei muito da forma que abordou o tema, pois com humor você soube explicar esse momento que as mulheres passam, mostrando que apesar disso, os homens devem ser mais tolerantes nesse período. Foi difícil escrever essas partes da obra?
Elaine: Muito obrigada! Que bom que gostou. Inclusive estes são alguns dos capítulos que as pessoas mais gostam no livro, além das ilustrações geniais feitas pelo incrível Marcio Baraldi! O tema é interessante e eu nunca encarei a TPM como algo trágico em minha vida. Sempre levei no bom humor. E foi molezinha escrever sobre o assunto, afinal eu também passo por isso! Quem se sai muito bem nessas épocas é o Bom Marido, um cara extremamente tranquilo e compreensivo.

NFDC: Como Ser Um Bom Marido faz uma homenagem ao cantor Wando. Considerado um dos reis do brega nacional, o cantor, que nos deixou em 2012 possui músicas que atravessaram gerações. Como pintou fazer esse tributo ao artista?
Elaine: Na verdade eu nunca fui fã e nem conhecia todas as músicas do Wando, mas quando vi no noticiário que ele havia falecido, fiz questão de procurar algumas músicas dele e, quando vi, os títulos das canções poderiam conversar entre si, formando um texto bem curioso! Assim surgiu a homenagem que postei no blog no dia em que ele faleceu e, na hora de escolher os textos que entrariam no livro, inseri este também!

NFDC: O que chama atenção também é a linguagem. Devido a um texto simples, direto e gostoso de ler, faz com que o leitor aprecie o livro numa toada só, até repetindo algumas vezes. Porque utilizar essa forma de escrita?
Elaine: Nossa! Então você também achou isso? Que bom!!! Na verdade esse tipo de escrita fluida é a característica dos meus blogs. É algo natural! Eu não paro muito para pensar em como vou escrever. Eu escrevo, leio, releio, reescrevo e vou criando até encontrar uma musicalidade que fique bacana. O bom é que os leitores gostam!

NFDC: Como disse linhas acima, a forma de produção e confecção foram diferentes do habitual. Você utilizou o financiamento coletivo e conseguiu o valor para lança-lo. Qual a sensação de ter o projeto aprovado e ver que o livro ganharia as praças? Houve momentos que pensou que não conseguiria?
Elaine: Foi uma emoção indescritível. Eu estava pelo sim e pelo não. Se não desse certo pelo financiamento coletivo, eu teria que recorrer ao “Daddy Bank” para bancar o livro e só depois, com o dinheiro das vendas, eu reembolsaria o papi. Mas como graças a Deus e aos apoiadores deu tudo certo, não precisarei vender uma tonelada de livros para reembolsar meu pai! Estou muito feliz e radiante! Claro que cheguei a pensar que não conseguiria, afinal tem muita gente que curte TUDO o que você posta nas redes sociais, mas na hora de botar a mão no bolso para ver um projeto REAL, que não seja uma postagem qualquer no Facebook, essas pessoas se fingem de mortas e não colaboram! Piores são aqueles que vivem pedindo tudo para você (cliques, votos, presença nos shows, compra de camisetas, CDs, curtidas, compartilhadas e o escambau) e quando você precisa... cri cri cri... Claro que não vou obrigar todos os meus “amigos” a comprarem meus livros, afinal não é todo mundo que tem o hábito de ler. Para umas pessoas, R$ 30,00 faz muita diferença no orçamento. Essas eu entendo. O que eu não entendo são as pessoas choramingando que estão sem dinheiro para comprarem o livro, mas depois postam fotos ostentando viagens, jantares caros, roupas de marca, Iphones novos, bebidas importadas, entre outras coisas! Não precisava choramingar, era só dizer: “Não, obrigado. Não estou interessado”. É mais decente ser sincero (risos)!

NFDC: Ainda falando em financiamento coletivo, ele pode ser considerado uma luz no no fim do túnel para o produtor cultural independente? Visto que o artista, seja um músico ou escritor basta que saibam articular o projeto para que obtenha êxito para poder ter seu CD ou espetáculo sem depender de fundos culturais ou algo do tipo?
Elaine.: Apesar do desabafo anterior, rs, eu acredito muito no financiamento coletivo. É muito bom você colocar um projeto no ar e ver que tem uma galera bacana que faz de tudo para vê-lo concluído. Teve gente que apoiou porque se tratava do MEU projeto. Nem quiseram recompensa. Mas eu fiz questão de citar essas pessoas no livro e nos blogs, além de autografar exemplares para elas. Mas a tecnologia ainda é um problema quando o assunto é “pagamento”... Por exemplo, teve gente que não conseguiu apoiar com cartão, mas não desistiu e recorreu ao boleto. Mas outros perderam a paciência e não finalizaram o apoio. E outros juram de pés juntos que apoiaram, mas o nome não aparece lá, muito menos o valor, então quer dizer que a pessoa não finalizou direito o apoio ou simplesmente esqueceu de pagar o boleto! rs! Acontece! Mas mesmo com os probleminhas de sistema, acho muito mais fácil um artista independente conseguir realizar um projeto bem sucedido através de crowdfunding, ao invés de encarar as burocracias das Leis de Incentivo.

Elaine Thrash
Divulgação
NFDC: Para encerrar, além de escritora, você atua como atriz e vocalista de heavy metal. O que pode adiantar sobre esses projetos?
Elaine: Atualmente estou em diversos projetos e espetáculos infantis. A maioria das apresentações é realizada dentro de escolas, empresas e eventos. Raramente esses espetáculos ficam em cartaz através de bilheteria (que é um lance tão complicado quando gerar interesse no público pela compra de livros!). Trabalhar com cachê fixo acaba sendo mais vantajoso, nesses casos! Mas em breve voltarei a atuar em um espetáculo adulto aberto ao público, porém não tenho as datas confirmadas. Enquanto isso, estou buscando projetos cinematográficos para atuar também. Já aceitei um convite para atuar na segunda parte do longa Steve Cicco, da V. Produções (galera de Jacareí) e só estou aguardando o cronograma com as datas das gravações. Com relação ao meu projeto solo musical, o produtor musical Thiago Larenttes (AndragoniA) está finalizando as nove músicas que gravamos. Não se trata de nenhum trabalho primordial em minha vida, afinal é só a concretização de um sonho: ver minhas canções lançadas. No momento a prioridade em minha vida, sem dúvida, é o teatro e a venda dos livros. Ah, e para quem pergunta sobre a banda Insane Kreation, só posso dizer que ela ainda existe!

NFDC: Muito obrigado pela entrevista. Deixe uma mensagem aos leitores desta publicação.
Elaine: Eu é que agradeço o espaço e o apoio de sempre! São de mais profissionais determinados, dedicados e inteligentes assim como você que o jornalismo precisa! O mundo anda muito descartável, fútil e repleto de informações vazias ou na base do CTRL+C + CTRL+V... É raro ver gente assim que se preocupa e se envolve com a notícia ou com o entrevistado! Parabéns pelo seu trabalho.
E aos leitores que por aqui passam eu deixo um forte abraço e um convite para conhecerem um pouco mais sobre o meu trabalho através dos links:
www.elaineoliveirarte.wordpress.com (espaço onde posto notícias sobre minha carreira artística, lugares pelos quais passo, coisas bacanas que presencio e algumas matérias que me arrisco a fazer!)
www.comoserumbommarido.wordpress.com (blog que deu origem ao livro “Como ser um Bom Marido” com atualizações periódicas sobre relacionamentos, dicas e receitas especiais que o Bom Marido e eu testamos!)
www.ciavipcultural.wordpress.com (blog da companhia teatral na qual eu atuo e para a qual eu realizo um trabalho de assessoria de imprensa com fotos e notícias dos eventos e das apresentações realizadas pela CIAVIP Cultural)
Entre outros...
Mais uma vez, obrigada pelo carinho e vamos continuar incentivando a leitura e a cultura em nosso país!
Um grande abraço,

Elaine “Thrash” Oliveira.