segunda-feira, 7 de abril de 2014

CAOS SENTIMENTAL METROPOLITANO: AMARGURAS, TRISTEZAS SOB AS BATIDAS DO GUETO

Livro lançado pelo escritor Luis Roberto Perossi transcende mundos e conta os conflitos de uma pessoa em busca da liberdade

Por João Messias Jr.

Caos Sentimental Metropolitano
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Uma coleção de versos e textos que ficariam esquecidos pelo tempo. E felizmente essas linhas viram a cor do dia por meio do livro Caos Sentimental Metropolitano. Luis Roberto Perossi teve a grande ideia de reunir esses versos que retratam todas as angústias, dores e anseios que um adolescente passa na transição para a maior idade, por meio de histórias reais que farão a cabeça daqueles que tem mais de 30 anos, numa época que as descobertas em sua maioria eram feitas na cara e coragem, sem as facilidades tecnológicas de hoje.

Antes de falar da linguagem, as citações é algo que vale ser mencionado. Elas mergulham num universo amplo, desde filósofos (Nietzche), poetas (Ciro Pessoa) grupos de rock oitentistas (Smiths, Joy Division e o nosso Cólera), e rap (Run DMC e Beastie Boys). Essa miscelânea acaba sendo incorporada na linguagem da obra, pois em muitos momentos, temos partes mais poéticas e rebuscadas, outras mais agressivas e outras mais "povão", sem soar como colcha de retalhos, pois essa mudança de estilos torna o livro interessante, pois retrata a transição do personagem, que num primeiro momento possui sonhos e anseios e depois parte para a parte prática, que nem sempre é composta de momentos felizes. Como a busca da maior idade para poder assistir os shows de suas bandas favoritas; as desilusões com os relacionamentos e o vazio que temos ao voltar do trabalho tendo como trilha o barulho do ônibus, trem e as conversas sem nexo das pessoas nas ruas, numa verdadeira Torre de Babel.

E é aí o ponto que um livro convence: quando ele consegue transportar o leitor para o seu universo e Caos Sentimental Metropolitano atinge esse objetivo nos fazendo visualizar um musical que misturasse o pop oitentista com as batidas do rap com letras  poéticas. 

segunda-feira, 31 de março de 2014

ELAINE THRASH: "UM ATOR, PINTOR, POETA OU ESCRITOR É UM SER QUE OBSERVA O MUNDO COM MAIS ATENÇÃO ÀS CORES E AOS DETALHES"

Em todas as formas de expressão artística, seja no teatro, música e mesmo na escrita, possuir apenas a técnica e o conhecimento não são garantias que sua obra fará sucesso ou mesmo seja aceita pelos apreciadores de determinados nichos. Embora eles sejam importantes, não são nada perante um ingrediente: a paixão, que quando colocada nos trabalhos tem o dom de cativar as pessoas mais duras e insensíveis. Como é o caso do livro Como Ser Um Bom Marido, da escritora Elaine Thrash. Com uma linguagem simples e direta e ao mesmo tempo apaixonada, ela, por meio de sua obra, faz o leitor ler a publicação numa toada só, e com vontade de ler novamente.

Nesta entrevista, a autora nos fala da inspiração para a obra, a viabilização do projeto por meio do financiamento coletivo e da particularidade de alguns capítulos do livro.

Por João Messias Jr.

Como Ser Um Bom Marido
Divulgação
NOVAS FORMAS DE CULTURA: No mês de dezembro você lançou seu segundo livro, chamado Como Ser Um Bom Marido, do qual conversaremos um pouco sobre seus detalhes no decorrer desta entrevista. Passados três meses do lançamento oficial da obra, como acha que está á divulgação e repercussão?
Elaine Thrash: Como sou artista e escritora independente, estou trabalhando praticamente sozinha na divulgação deste segundo livro, assim como fiz com meu primeiro. É claro que alguns parentes, veículos e amigos ajudam, seja adquirindo o livro, seja divulgando para os amigos. Acredito que a repercussão está sendo muito boa assim na base do boca-a-boca, mas espero que melhore bastante nos próximos três meses!

NVDC: Dentre as resenhas de imprensa ou até mesmo os comentários de amigos, houve algo que te chamou a atenção?
Elaine: A maioria das pessoas que adquiriu o livro disse que ele está maravilhoso, divertido e gostoso de ler. (Eles que dizem!!!) Tem gente que devora o livro no mesmo dia! E tem muita gente que pergunta: “Quando sai o próximo?” Isso me deixa bem feliz, afinal eu não esperava que meu livro fosse agradar tanto assim!

NFDC: Interessante que todo o processo, desde a escolha do tema até a forma de confecção do mesmo, digamos foge do convencional. Vamos começar falando do nome. Conte-nos de onde surgiu a inspiração de escrever sobre esse tema?
Elaine: Quem me conhece pessoalmente sabe que eu não sou casada, mas peguei como base meu próprio relacionamento (inevitavelmente comparando aos anteriores) para escrever alguns textos divertidos sobre como um Bom Marido deve ser. A ideia era fazer uma homenagem ao meu noivo, então namorado, e resolvi começar de mansinho com um blog até amadurecer a ideia de transformá-lo em um livro.

NFDC: No decorrer da obra, você tem como personagem, seu hoje noivo, Thierry Durieux. Como foi conversar e convencê-lo de ter parte de sua história relatada em um livro?
Resp.: Como eu já escrevia no blog (www.comoserumbommarido.wordpress.com) e postava fotos e receitas do Thierry, não foi um choque na vida dele saber que seria personagem de um livro. Ele é extremamente tímido, mas se sentiu lisongeado com essa demonstração de amor e carinho. Claro que sempre respeitei a opinião dele com relação a fotos e assuntos que eu postava lá no blog, mas ele nunca achou ruim essa exposição toda, tanto é que a arte de capa foi ele quem fez, em 3D. Muita gente pensa que trata-se da foto de um sapo, mas na verdade é obra do Thierry Durieux!

Elaine Thrash
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NFDC: Alguns capítulos mostram situações muito interessantes, na verdade etapas de quem inicia um relacionamento, desde o início, que é aquela sensação de querer ficar junto, até a distância com os trabalhos de um e outro. Para compor esses capítulos, você tirou tudo de sua experiência ou buscou inspiração em relatos vistos em filmes ou mesmo confidências de amigos?
Elaine: Um ator, pintor, poeta ou escritor é um ser que observa o mundo com mais atenção às cores e aos detalhes. Ele não só observa como aproveita essas referências para criar suas obras. Eu costumo observar muitas pessoas, sejam elas parentes, amigos, pessoas no trabalho ou até mesmo desconhecidos no ponto de ônibus. Tudo vira arte e inspiração, ainda que se tratem de experiências que eu mesma tenha vivido.

NFDC: Como não poderia deixar de ter, o livro possui capítulos relacionados à TPM. Um tema de certa forma complexo, pois cada mulher reage de uma forma, em maioria ficam mais sensíveis e pouco tolerantes. Gostei muito da forma que abordou o tema, pois com humor você soube explicar esse momento que as mulheres passam, mostrando que apesar disso, os homens devem ser mais tolerantes nesse período. Foi difícil escrever essas partes da obra?
Elaine: Muito obrigada! Que bom que gostou. Inclusive estes são alguns dos capítulos que as pessoas mais gostam no livro, além das ilustrações geniais feitas pelo incrível Marcio Baraldi! O tema é interessante e eu nunca encarei a TPM como algo trágico em minha vida. Sempre levei no bom humor. E foi molezinha escrever sobre o assunto, afinal eu também passo por isso! Quem se sai muito bem nessas épocas é o Bom Marido, um cara extremamente tranquilo e compreensivo.

NFDC: Como Ser Um Bom Marido faz uma homenagem ao cantor Wando. Considerado um dos reis do brega nacional, o cantor, que nos deixou em 2012 possui músicas que atravessaram gerações. Como pintou fazer esse tributo ao artista?
Elaine: Na verdade eu nunca fui fã e nem conhecia todas as músicas do Wando, mas quando vi no noticiário que ele havia falecido, fiz questão de procurar algumas músicas dele e, quando vi, os títulos das canções poderiam conversar entre si, formando um texto bem curioso! Assim surgiu a homenagem que postei no blog no dia em que ele faleceu e, na hora de escolher os textos que entrariam no livro, inseri este também!

NFDC: O que chama atenção também é a linguagem. Devido a um texto simples, direto e gostoso de ler, faz com que o leitor aprecie o livro numa toada só, até repetindo algumas vezes. Porque utilizar essa forma de escrita?
Elaine: Nossa! Então você também achou isso? Que bom!!! Na verdade esse tipo de escrita fluida é a característica dos meus blogs. É algo natural! Eu não paro muito para pensar em como vou escrever. Eu escrevo, leio, releio, reescrevo e vou criando até encontrar uma musicalidade que fique bacana. O bom é que os leitores gostam!

NFDC: Como disse linhas acima, a forma de produção e confecção foram diferentes do habitual. Você utilizou o financiamento coletivo e conseguiu o valor para lança-lo. Qual a sensação de ter o projeto aprovado e ver que o livro ganharia as praças? Houve momentos que pensou que não conseguiria?
Elaine: Foi uma emoção indescritível. Eu estava pelo sim e pelo não. Se não desse certo pelo financiamento coletivo, eu teria que recorrer ao “Daddy Bank” para bancar o livro e só depois, com o dinheiro das vendas, eu reembolsaria o papi. Mas como graças a Deus e aos apoiadores deu tudo certo, não precisarei vender uma tonelada de livros para reembolsar meu pai! Estou muito feliz e radiante! Claro que cheguei a pensar que não conseguiria, afinal tem muita gente que curte TUDO o que você posta nas redes sociais, mas na hora de botar a mão no bolso para ver um projeto REAL, que não seja uma postagem qualquer no Facebook, essas pessoas se fingem de mortas e não colaboram! Piores são aqueles que vivem pedindo tudo para você (cliques, votos, presença nos shows, compra de camisetas, CDs, curtidas, compartilhadas e o escambau) e quando você precisa... cri cri cri... Claro que não vou obrigar todos os meus “amigos” a comprarem meus livros, afinal não é todo mundo que tem o hábito de ler. Para umas pessoas, R$ 30,00 faz muita diferença no orçamento. Essas eu entendo. O que eu não entendo são as pessoas choramingando que estão sem dinheiro para comprarem o livro, mas depois postam fotos ostentando viagens, jantares caros, roupas de marca, Iphones novos, bebidas importadas, entre outras coisas! Não precisava choramingar, era só dizer: “Não, obrigado. Não estou interessado”. É mais decente ser sincero (risos)!

NFDC: Ainda falando em financiamento coletivo, ele pode ser considerado uma luz no no fim do túnel para o produtor cultural independente? Visto que o artista, seja um músico ou escritor basta que saibam articular o projeto para que obtenha êxito para poder ter seu CD ou espetáculo sem depender de fundos culturais ou algo do tipo?
Elaine.: Apesar do desabafo anterior, rs, eu acredito muito no financiamento coletivo. É muito bom você colocar um projeto no ar e ver que tem uma galera bacana que faz de tudo para vê-lo concluído. Teve gente que apoiou porque se tratava do MEU projeto. Nem quiseram recompensa. Mas eu fiz questão de citar essas pessoas no livro e nos blogs, além de autografar exemplares para elas. Mas a tecnologia ainda é um problema quando o assunto é “pagamento”... Por exemplo, teve gente que não conseguiu apoiar com cartão, mas não desistiu e recorreu ao boleto. Mas outros perderam a paciência e não finalizaram o apoio. E outros juram de pés juntos que apoiaram, mas o nome não aparece lá, muito menos o valor, então quer dizer que a pessoa não finalizou direito o apoio ou simplesmente esqueceu de pagar o boleto! rs! Acontece! Mas mesmo com os probleminhas de sistema, acho muito mais fácil um artista independente conseguir realizar um projeto bem sucedido através de crowdfunding, ao invés de encarar as burocracias das Leis de Incentivo.

Elaine Thrash
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NFDC: Para encerrar, além de escritora, você atua como atriz e vocalista de heavy metal. O que pode adiantar sobre esses projetos?
Elaine: Atualmente estou em diversos projetos e espetáculos infantis. A maioria das apresentações é realizada dentro de escolas, empresas e eventos. Raramente esses espetáculos ficam em cartaz através de bilheteria (que é um lance tão complicado quando gerar interesse no público pela compra de livros!). Trabalhar com cachê fixo acaba sendo mais vantajoso, nesses casos! Mas em breve voltarei a atuar em um espetáculo adulto aberto ao público, porém não tenho as datas confirmadas. Enquanto isso, estou buscando projetos cinematográficos para atuar também. Já aceitei um convite para atuar na segunda parte do longa Steve Cicco, da V. Produções (galera de Jacareí) e só estou aguardando o cronograma com as datas das gravações. Com relação ao meu projeto solo musical, o produtor musical Thiago Larenttes (AndragoniA) está finalizando as nove músicas que gravamos. Não se trata de nenhum trabalho primordial em minha vida, afinal é só a concretização de um sonho: ver minhas canções lançadas. No momento a prioridade em minha vida, sem dúvida, é o teatro e a venda dos livros. Ah, e para quem pergunta sobre a banda Insane Kreation, só posso dizer que ela ainda existe!

NFDC: Muito obrigado pela entrevista. Deixe uma mensagem aos leitores desta publicação.
Elaine: Eu é que agradeço o espaço e o apoio de sempre! São de mais profissionais determinados, dedicados e inteligentes assim como você que o jornalismo precisa! O mundo anda muito descartável, fútil e repleto de informações vazias ou na base do CTRL+C + CTRL+V... É raro ver gente assim que se preocupa e se envolve com a notícia ou com o entrevistado! Parabéns pelo seu trabalho.
E aos leitores que por aqui passam eu deixo um forte abraço e um convite para conhecerem um pouco mais sobre o meu trabalho através dos links:
www.elaineoliveirarte.wordpress.com (espaço onde posto notícias sobre minha carreira artística, lugares pelos quais passo, coisas bacanas que presencio e algumas matérias que me arrisco a fazer!)
www.comoserumbommarido.wordpress.com (blog que deu origem ao livro “Como ser um Bom Marido” com atualizações periódicas sobre relacionamentos, dicas e receitas especiais que o Bom Marido e eu testamos!)
www.ciavipcultural.wordpress.com (blog da companhia teatral na qual eu atuo e para a qual eu realizo um trabalho de assessoria de imprensa com fotos e notícias dos eventos e das apresentações realizadas pela CIAVIP Cultural)
Entre outros...
Mais uma vez, obrigada pelo carinho e vamos continuar incentivando a leitura e a cultura em nosso país!
Um grande abraço,

Elaine “Thrash” Oliveira.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

ADEILDO VILA NOVA: “SÃO HISTÓRIAS RIQUÍSSIMAS DE LUTA E SUPERAÇÃO DAS ADVERSIDADES”

Podemos dizer que a frase acima define o livro “Mulheres Negras”, do escritor pernambucano Adeildo Vila Nova. Como o nome sugere, a publicação saiu de um estudo feito sobre oito mulheres negras e pobres e que mostra o papel de cada uma delas na sociedade.

Um tema difícil, complexo e delicado, que o autor conversou conosco explicando sobre  a escolha do tema, busca das personagens, dificuldades,  parcerias e o lançamento da publicação no mercado virtual.

Confiram.

Por João Messias Jr.

Mulheres Negras
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UM DIA SEM ROCK: Adeildo, como surgiu à ideia de fazer uma publicação sobre a vida das mulheres negras na sociedade brasileira?
Adeildo Vila Nova: Desde 2001 iniciei minha militância no Movimento Negro organizado e a partir daí, todos os meus estudos e pesquisas foram direcionados à questão racial, como foi o caso do meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de graduação/bacharelado em Serviço Social e da minha especialização/MBA em Gestão de Pessoas. 

A ideia de falar sobre as mulheres negras surgiu pelo fato de querer falar sobre a questão racial e na minha sala de aula ter uma amiga que queria falar sobre a questão de gênero. Unimos então os dois temas e o resultado foi o livro, que originalmente é a nossa monografia do curso de Serviço Social que se transformou em livro.

UDSR: No livro você retrata oito mulheres. Como chegou aos personagens e quais se houve alguma dificuldade na condução das entrevistas?
Adeildo: Cheguei às personagens estabelecendo alguns critérios. O primeiro deles é de que fossem negras e de origem pobre e que tivessem ascendido socialmente (economicamente, financeiramente, politicamente), para que pudéssemos analisar os fatores que contribuíram para esta ascensão. Como faço parte do Movimento Negro, não foi difícil pontuar algumas personagens entre as nossas militantes. As dificuldades encontradas na verdade foi com relação às mulheres fazer o resgate da sua origem até a atualidade. Isso mexeu muito com o emocional de cada uma delas, chegando ao ponto de termos que parar a entrevista para que a entrevistada pudesse se recompor. No mais, foi tudo muito tranquilo.

UDSR: Houve algum personagem que ficou de fora da publicação? Pretende utilizar esse material no futuro?
Adeildo: Talvez se amostragem fosse maior, ratificaríamos ainda mais as nossas hipóteses. Como se tratava de um TCC de curso de Graduação, pensamos que esta amostra seria o suficiente. Temos mais de 10 horas de gravação com as histórias dessas mulheres. São relatos que, em cada uma deles, poderíamos escrever diversos outros livros, pois são histórias riquíssimas de luta e de superação das adversidades. Pretendo sim utilizar esse material em trabalhos futuros como um Mestrado ou mesmo Doutorado. Penso que  deve ser publicizado, como forma tirá-las da invisibilidade à qual estão expostas e motivar, cada vez mais, mulheres negras que lutam diariamente e que acham que não há nenhuma perspectiva positiva de futuro. É importante pensar que essas mulheres são exceções à regra. Foi isso que quisemos fazer, dar luz a essas exceções para que elas também pudessem saber que, apesar de todas as dificuldades, é possível vencer.

UDSR: O livro foi lançado em parcerias. Como funciona essa forma de divulgação e o que achou do resultado após seu lançamento?
Adeildo: A parceria funcionou da seguinte forma: Inicialmente o material foi colocado para aprovação do Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra do Estado de São Paulo que, inicialmente seria o responsável pela publicação. O material foi aprovado por unanimidade entre os seus conselheiros. Como houve mudança na direção do Conselho, o material foi encaminhado para a Assessoria de Cultura para Gênero e Etnias. A Secretaria de Estado da Cultura e ela patrocinou toda a impressão do material. 
A divulgação foi feita em vários organismos de imprensa do Estado além de jornais regionais e locais. O material foi distribuído em diversos equipamentos públicos do Governo do Estado como bibliotecas, escolas, entre outros, além dos locais de lançamento entre os presentes, como foi o caso do lançamento em Santos e em São Paulo.

UDSR: Além das parcerias, ele foi disponibilizado para download gratuito. O que tem achado da procura do livro no mercado digital?
Adeildo: Penso que o mercado digital ainda é pouco disseminado e o acesso, por mais que haja uma ideia de que as pessoas têm acesso à internet com muita facilidade, penso que ainda é muito restrito a uma determinada parcela da população. Já houve alguns downloads do livro em formato digital, mas ainda em um número muito reduzido. Talvez até pela falta de uma campanha de divulgação disso.

UDSR: Assim como na música, cada vez mais os livros e revistas vem tendo suas tiragens cada vez mais reduzidas. Você acha que isso se deve apenas ao mundo corrido de hoje ou a falta de estímulo a leitura?
Adeildo: Penso que é um pouco de ambos. O Brasil é um dos países que mais consomem livros e música. Penso que não há incentivos para que os livros e as músicas sejam disponibilizados a preços acessíveis a maioria da população. Assim como o acesso à internet, a acesso aos livros também é muito restrito a determinadas parcelas da população. A democratização da leitura ainda é um sonho distante, pelo menos no que se refere a materiais realmente de qualidade e de alguma contribuição para a vida objetiva das pessoas.

UDSR: Passado todo esse tempo, o que mudaria no livro?
Adeildo: Avalio positivamente a repercussão que o livro trouxe. A inclusão da questão de gênero e raça nas pautas de discussão dos movimentos sociais negros e não negros organizados. Já estamos com a impressão de uma 2ª edição do livro que, se o cronograma se cumprir, será lançado no início de novembro, como parte das comemorações do Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado todo o dia 20 de novembro. 
Não mudaria quase nada, tendo em vista que diariamente me deparo com situações tratadas no livro, que aconteceram há anos, continuam se repetindo na atualidade. Mulheres negras e pobres são discriminadas e excluídas deliberadamente de várias situações em seu cotidiano. O que mudaria na verdade seria a possibilidade de uma tiragem ainda maior para que pudéssemos fazer a distribuição em massa desse material, pois julgo de suma importância para a autoestima de várias mulheres, sejam elas negras ou não negras. É um material que abrange uma camada expressiva da nossa sociedade, que são as mulheres, responsáveis por grande parte do progresso do nosso país. 

UDSR: Para encerrar, diga qual seu processo de criação de textos. Você costuma ouvir música ou prefere o silêncio?
Adeildo: O processo de criação de textos é muito simples. Prefiro o silêncio total. Preferencialmente durante a noite, ou melhor, de madrugada, quando a maioria das pessoas está dormindo e as ruas bem tranquilas em relação ao trânsito. O silêncio da madrugada me inspira e eu produzo com muito mais facilidade.

UDSR: Muito obrigado pela entrevista! Deixe uma mensagem aos leitores dessa publicação!
Adeildo: Eu é que agradeço pela oportunidade de poder divulgar esse trabalho que foi feito com muito carinho, dedicação, afinco e, principalmente muita responsabilidade e compromisso com a população negra, à qual tenho um enorme apreço e admiração pela sua história de resistência, nesse mundo com tantas adversidades, especialmente para eles. Essa é uma singela contribuição para o debate sobre as questões de gênero e raça no nosso país. Quero também dizer que essas mulheres são as exceções da nossa sociedade, mas mesmo como exceções, devem ser difundidas para que, mulheres como estas, possam se identificar e saber que, apesar de todas as dificuldades há possibilidades e é nessas e com essas possibilidades que devemos trabalhar.
www.adeildovilanova.com

sábado, 20 de abril de 2013

FUGA DO CAMPO 14: A TRAJETÓRIA DE UM SOBREVIVENTE

"Livro do jornalista Blaine Harden conta a história de um sobrevivente do trabalho escravo na Coreia do Norte"

Por João Messias Jr.

Não importa o estilo do livro, só sabemos se ele realmente é bom quando conseguimos "enxergar" a história ao folhear suas páginas. E esse livro do jornalista Blaine Harden atinge esse conceito com louvor. 

Fuga do Campo 14
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A obra conta a história do norte coreano Shin Dong-hyuk, que desde a infância teve como referência educação a obediência e a submissão aos comandantes do Campo 14, onde caso não fizesse o que fora proposto, era brutalmente punido, uma realidade distante dos valores e conceitos de família.

Junto com os trabalhos forçados, o protagonista, assim como os outros prisioneiros, era obrigado a delatar quem não cumpria as tarefas da forma estipulada.

E numa delação que ocorre o primeiro clímax do artefato: ao perceber que sua mãe e irmão mais velho resolvem fugir, Shin, sem piedade, os entrega aos capatazes e assiste a execução dos dois.

Seguindo os "procedimentos" do Campo 14, Shin fez isso pensando que ganharia uma promoção ou algo do tipo, mas não foi isso que aconteceu, pois foi brutalmente torturado e jogado em uma jaula como um animal. Quase morto, só não veio a falecer graças ao seu companheiro de cela, Tio, que cuida de suas feridas.  

Depois de solto, volta a sua antiga rotina, dessa vez em uma oficina de costura. Lá, conhece Park Young Chul, que ao contrário de Shin, conhecia o mundo além das fronteiras do Campo 14. Com seu jeito educado, ganha a confiança do protagonista, e daí surge uma grande amizade. Dessa forma, Park conta sobre a realidade do mundo, locais, restaurantes, e nessas conversas, surge o plano de fuga.

Nem tudo dá certo, pois apesar de livre, Shin se depara com outros problemas: a morte do amigo ao tentar fugir, a adaptação de um novo mundo, além de saber para onde ir, o que fazer e como sobreviver fora das grades do Campo 14, pois apesar de estar fora, mentalmente estava preso.

Além da história envolvente, é de se destacar o trabalho do jornalista, pois paralelamente ele conta a realidade das duas Coreias, a opinião de diversos especialistas sobre o comportamento de ex-prisioneiros.

Talvez a única ressalva que os leitores possam apontar é uma espécie de LIDE no começo do livro, que faz uma espécie de síntese do que virá pela frente, mas que não chega a comprometer. 

Como eu disse nas primeiras linhas, a trama te prende de tal forma, que te faz pensar que apesar das desigualdades evidentes, temos a possibilidade de construir um futuro digno e feliz, ao contrário de muitos "Shins", que ainda vivem nestes campos de trabalho escravo.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

MERA COINCIDÊNCIA AQUI NO BRASIL?

"Filme mostra como um trabalho bem feito de Assessoria de Comunicação mesclada ao rápido esquecimento do povo, reverte situações e gera ótimos resultados"

Por João Messias Jr.

Capa do filme Mera Coincidência
Imagem extraída da Internet
Como dito nas linhas acima, esse filme mostra que com um bom trabalho de Assessoria (e  a  "perda de memória" das pessoas) podemos reverter situações ruins, como o início da trama, que mostra o envolvimento de um político candidato a eleição com uma estagiária.Mera Coincidência?

Melhor seria dizer que é mais que isso, pois os Assessores deste político não medem custos e esforços para terem os melhores profissionais ao seu lado para mudar a opinião pública, desde o acontecimento na Albânia, o soldado que sobreviveu a duras penas, entre outras, tudo no melhor estilo americano, com muito sensacionalismo e muito exagero, mas que são essenciais para melhor compreensão do filme.

E aqui eles conseguem a eleição de seu cliente. Mas Mera Coincidência mostra o lado ruim de quem resolve "abandonar o barco" por discordar de algumas opiniões, que dependendo da situação paga com a própria vida, como acontece aqui com o diretor de cinema vivido por Dustin Hoffmann, que por não receber os devidos créditos nas manobras ocorridas, "repentinamente" sofre um ataque cardíaco. Mera Coincidência?

Fazendo um paralelo com o Brasil, se por um lado as situações ocorridas não são cheias de glamour como nos filmes, tem o mesmo contexto, como o candidato Paulo Maluf que dizia na eleição do então candidato a Prefeitura de SP, Celso Pitta: "Se o Pitta não for um bom Prefeito não votem em mim", e  coincidentemente Pitta teve o nome envolvido em muitos escândalos.

Maluf, com seu jeito particular de ser, sempre mudava o foco das perguntas quando era perguntado sobre isso e creio que a maioria das pessoas já se esqueceu do que ele disse na campanha de Pitta (que infelizmente não está entre nós para contar histórias) e há alguns anos Maluf foi o deputado com o maior número de votos. É mole?

Outro que merece ser citado é Fernando Collor, que mesmo após os escândalos em sua gestão presidencial, ja foi eleito em seu estado e creio que caso se candidate a Presidência novamente, tem tudo para ficar entre os mais votados.

Mas fica a reflexão: Eles são os únicos culpados? Não, boa parte é do povo, que por não ter uma educação de qualidade, sem condições de frequentar uma Universidade (para desenvolver o Pensamento Crítico), e infelizmente por aprender apenas a reproduzir informações e gostar apenas do que aparece na mídia com os "Ai Se eu Te Pego" da vida, essa situação de bandido virar mocinho continuará por muito tempo.

sábado, 5 de maio de 2012

UMA CRENÇA SILENCIOSA EM ANJOS: SOFRIMENTO E REDENÇÃO

"Livro de R.J. Ellory conta a história de um jovem escritor que passa por décadas de perdas e sofrimentos, e neles encontra forças para sempre se levantar"

Por João Messias Jr.

Joseph Calvin Vaughan era um menino de 12 anos que vivia com os pais em Augusta Falls, Geórgia, e que poderia ter uma vida comum a de qualquer garoto de sua idade, mas uma série de acontecimentos transformaram a então pacata e simples vida deste rapaz, primeiro a morte do pai Earl Theodore Vaughan, onde Joseph acabava prevendo o acontecimento através de plumas brancas que via caindo pelo céu.
Uma Crença Silenciosa em Anjos
Imagem Extraída da Internet

E com a morte de seu pai ele quis saber se o mesmo havia virado um anjo, e com isso passa a ler sobre anjos, e assim acaba se aproximando ainda mais de sua professora, Alexandra Webber, a primeira pessoa que incentivou Joseph a escrever livros, e que futuramente seria a sua primeira esposa.

Percebendo o talento do futuro escritor, Alex, como é chamada pelo protagonista, envia um conto de Vaughan para Comissão de Julgadora dos Jovens Contistas, e embora não tenha sido publicado, deixa uma boa impressão.

Além da família e dos colegas de escola, Vaughan tinha como pessoas mais próximas o amigo da família Reily Hawkins e o xerife da cidade Haynes Dearing, onde o último mostra no decorrer da obra o poder silencioso de um animal peçonhento.

Mas entre isso começam a ocorrer bárbaros assassinatos de meninas em Augusta Falls e nas cidades próximas, tendo início com Alice Ruth Van Horne, e isso acaba mexendo com Joseph, que acaba acompanhando mais outros assassinatos, onde dois acabam mexendo com o protagonista: a morte de Elena Krueger, queimada num incêndio criminoso na residência da família, na qual ele havia prometido protegê-la do assassino e ter visto o corpo de Virginia Grace Perlman.

Inconformado com os assassinatos, junto com seus amigos Ronald Duggan, Daniel McRae, Hans Krueger, Michael Wiltsey, Maurice Fricker os Guardiões, que tinham como propósito proteger as meninas de Augusta Falls, fazendo inclusive um pacto de sangue entre eles.

Com isso Vaughan acaba tendo uma adolescência traumática, pois além dos assassinatos das meninas, acaba descobrindo o envolvimento de sua mãe com Gunther Krueger, pai de Elena.

Mas com os assassinatos não solucionados, a ida de sua mãe para um sanatório, a ida dos Krueger para outra cidade e a morte de Alex, além de ser visto como assassino das crianças, Vaughan resolve mudar de ares, indo para o Brooklyn, onde depois de alguns dias num hotel, vai para uma pensão entre as ruas de Throop e Quincy, onde sua vida passará por mais transformações.

Lá conhece Joyce Spragg, com quem tem um breve envolvimento (físico), Paul Hennessy (esse um verdadeiro amigo), e estabilizado em seu novo ambiente, conhece Bridget McCormack, por quem sente mais uma vez o amor bater. E logo Joseph e Bridget começam a namorar, e assim como Alex, Bridget também incentiva Vaughan, inclusive é a responsável pela publicação do seu primeiro livro, chamado A Volta Ao Lar.

Com um novo amor e o lançamento do seu livro, a vida de Joseph Vaughan parecia entrar nos eixos, mas o assassinato de Bridget (que estava grávida) no quarto do casal acaba com a vida do escritor, pois fora acusado pela morte de sua namorada e condenado a prisão perpétua, num julgamento que foram avaliadas apenas as provas circunstanciais.

Agora tendo 39 anos nas costas e após mais de uma década preso, Joseph é incentivado por Paul Hennessy a provar a sua inocência, e com isso escreve o seu segundo livro, Uma Crença Silenciosa Em Anjos, onde o mesmo relata a sua inocência e das injustiças ocorridas, e quando o livro é lançado, vira um sucesso de crítica e pressionado pela imprensa, Vaughan têm o direito a um novo julgamento e é considerado inocente.

Desgastado, resolve voltar para Augusta Falls (devido ao sucesso de seu livro, era uma espécie de herói local) para tentar entender o significado de tantas tragédias, e chegando na cidade, tenta falar com alguns dos Guardiões, mas todos querem esquecer as tragédias, Reily Hawkins já havia falecido,  só faltando Haynes Dearing para saber o motivo de tantas tragédias.

Com o intermédio do xerife Norman Vallely conseguiu saber do paradeiro de Dearing e já de volta ao Brooklyn, marca um encontro com Dearing para resolver de uma vez por todas todo o sofrimento que adquirira com tantas tragédias.

E o fim é o que podemos chamar de um confronto da luz com as trevas, tendo de um lado uma pessoa atormentada por tantos sofrimentos e do outro alguém que deveria proteger a tudo e todos por ter sido uma autoridade, onde se pode dizer que Vaughan de certa forma foi voar com os anjos, aprendendo tudo o que é bom, buscando forças e se renovando para aparecer de forma brilhante ao mundo.

Obrigatório, principalmente para aqueles que procuram por novidades e gostam de obras dinâmicas e instigantes.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

SUPER SPEED: TRANSFORMAÇÃO, VELOCIDADE E CRIATIVIDADE

Revista paulista mostra transformações em automóveis desde as mais suaves até as mais radicais

Por João Messias Jr.


Revista Super Speed
Imagem extraída da Internet
Para quem não conhece a Super Speed é uma das principais publicações do segmento automobilístico nacional e mensalmente tem como conteúdo informações técnicas, reportagens sobre lançamentos automotivos, carros com motores preparados, perfis de empresas especializadas, os principais circuitos como Stock Car, Copa Petrobras de Marcas, GT Brasil, entre outros.

Mas não se assustem, pois embora a publicação tenha muitas informações técnicas, ela foge daquele esquema de ser um manual do automóvel e tem como foco a preparação do conjunto mecânico dos carros e com uma boa combinação de texto e imagens, nos proporciona uma leitura agradável.

Vou falar aqui como um leigo, pois o meu conhecimento em automóveis é quase nulo, mas é interessante acompanhar as matérias sobre as transformações das máquinas, principalmente pelo fato de ter carros novos, é interessante mostrar as mudanças em marcas antigas como Dodge Dart, Quantum e o querido Fusca, que decora a publicação em muitas páginas.

Como foi dito nas primeiras linhas, além das transformações temos matérias com lojas/empresas onde você pode encontrar o que precisa para fazer as alterações que deseja no seu automóvel.

Então, se você está olhando para o seu carro e pensa em modificar algumas coisas e não sabe como fazer ou apenas gosta de ler sobre o assunto, não deixe de ler!